Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

APqC rejeita substitutivo de projeto que extingue carreira de pesquisador

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) rejeitou um novo texto proposto pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) para o projeto de lei 9/2025, que extingue a carreira de pesquisador científico. A posição da entidade foi aprovada em reunião com os associados que atuam em 16 institutos públicos de pesquisa, ligados às secretarias de Agricultura, Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística e da Saúde, além de pesquisadores aposentados. Nos Institutos Butantan e de Pesquisas Ambientais (IPA), além do Laboratório de Investigação Médica (LIM/HC-USP), a votação foi unânime pela retirada do projeto de lei. 

“Na reunião que tivemos na Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo, na qual a SAA apresentou o texto do substitutivo, foi garantido pela secretária Nathalia Rezende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) que se a categoria decidisse pela retirada do projeto, o estado retiraria. Nós já enviamos ofício solicitando a retirada do projeto da Alesp”, afirmou Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC. 

No ofício, a entidade sustentou, com base na posição da maioria dos associados, que o projeto de lei e o substitutivo propostos “constituem grave retrocesso para a ciência paulista. A proposta compromete de forma irreversível a qualidade, a continuidade e a produtividade da pesquisa científica no Estado de São Paulo”, escreveu. 

A APqC também se coloca à disposição para trabalhar em uma nova proposta, que seja “amplamente debatida, de forma transparente e democrática, com a participação da Casa Civil, das Secretarias da Saúde (SS), do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL), da Agricultura e Abastecimento (SAA), da Gestão e Governo Digital (SGGD), da APqC e da Comissão Permanente de Regime de Tempo Integral (CPRTI). Tal medida é essencial para garantir a preservação e o fortalecimento da ciência e da tecnologia em nosso Estado”. 

Além do ofício, a presidente da APqC foi recebida no Colégio de Líderes da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a convite do deputado Carlos Giannazi (PSOL-SP), onde destacou a necessidade da retirada do PLC e do substitutivo produzido pela SAA. Cerca de 150 pesquisadores de diferentes regiões do estado acompanharam a presidente da entidade na Alesp. 

“A gravidade da situação tem fortalecido a mobilização dos pesquisadores, que contam com o apoio da sociedade que valoriza a pesquisa pública, a ciência”, reforça Lutgens. 

Entidades da sociedade civil já se manifestaram contra o projeto, que tramita em regime de urgência na Alesp, como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, o Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Sindicado dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia de São Paulo (SINTPq). Outras 24 entidades do movimento ambiental também manisfetaram apoio à retirada do PLC-9/2025. Um abaixo-assinado já coletou mais de 15 mil assinaturas contrárias ao projeto de lei. 

“A gente vai tentar obstruir, ganhar tempo para acumular forças e deixar esta luta para agosto, setembro, de tal forma que o projeto seja retirado definitivamente ou derrotado no seu processo de debate, discussão e no plenário”, afirmou Carlos Giannazi, deputado estadual. 

Entenda os riscos do PLC-9/2025 

O projeto de lei 9/2025 propõe o fim da atual carreira de pesquisador científico, criada em 1975, e cria uma nova. Pelo texto, fica extinto o Regime de Tempo Integral, reduzindo o trabalho dos pesquisadores a 40 horas semanais, o que compromete a pesquisa, segundo a APqC, já que muitos estudos dependem de observação contínua. A proposta também extingue a Comissão Permanente do Regime de Tempo Integral (CPRTI), órgão de estado que tem o dever de gerir a carreira de pesquisador, formado por pesquisadores especialistas nas áreas de meio ambiente, saúde e agricultura, eleitos pelos próprios pares, além de uma indicação do governador. Pelo projeto, uma nova comissão seria criada, colocando fim a eleição de integrantes e privilegiando apenas indicação política. Outra alteração que prejudica os pesquisadores e ameaça a produção de conhecimento é a mudança de remuneração para subsídio. Segundo a APqC, a medida elimina a possibilidade de remuneração variável, como sexta parte e quinquênios – incentivos para que o servidor permaneça no serviço público por mais anos, além de ganhos adicionais por assumir responsabilidades na direção de Institutos e áreas experimentais. 

Com informações do Canalcomq

Compartilhe: