Mosquitos-pólvora (gênero Culicoides) são os principais vetores da língua azul, doença viral infecciosa, de importância econômica e de notificação obrigatória, que afeta ruminantes domésticos (bovinos, ovinos e caprinos) e selvagens (cervídeos, camelos, antílopes e búfalos), de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Há 151 espécies de Culicoides conhecidas no Brasil, de modo que o conhecimento das espécies competentes em diferentes ecossistemas é fundamental para compreender a epidemiologia da língua azul.

A equipe de Laboratório de Viroses de Bovídeos do Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento realizou coletas de Culicoides com o objetivo de identificar as espécies que ocorrem em fazendas de gado bovino e ovino no estado de São Paulo, assim como estabelecer por meio de testes moleculares que espécies podem atuar como potenciais vetores do vírus da língua azul. As coletas foram realizadas em fazendas da APTA (Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio) e do Instituto de Zootecnia nos municípios de Andradina, Americana e Nova Odessa. A espécie mais abundante encontrada foi C. insignis, já conhecida como vetor do vírus na América Central.

As identificações das espécies foram realizadas com o apoio da equipe de pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz, Coleção de Ceratopogonidae, Laboratório de Diptera, cuja coleção é referência para toda a Região Neotropical.

Com base em dados morfológicos, os pesquisadores encontraram exemplares de uma espécie nova, a qual foi descrita em artigo publicado no periódico Zootaxa em abril de 2024. A espécie foi nominada Culicoides andradinensis, em homenagem ao município em que foi encontrada. No mesmo artigo, ainda é descrita a fêmea de C. pseudocrescentis, que era originalmente descrita apenas a partir de machos. As fêmeas desta espécie foram coletadas em Andradina e também em Pancas (Espírito Santo). Assinam o artigo Maria Luiza Felippe-Bauer, Maria Clara A. Santarém (Fiocruz), Antonio Carlos C. Macedo e Liria Hiromi Okuda (IB).

É importante ressaltar a colaboração de diversos pesquisadores e colaboradores da APTA para a realização deste trabalho, em especial a pesquisadora do Laboratório de Viroses de Bovídeos/IB Adriana Nogueira Romaldini e a diretora da APTA Regional de Andradina, Neli Cristina dos Santos.

Fonte: Instituto Biológico

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