São Paulo, 18 de janeiro de 2024 – A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) considera espantoso e uma grave ameaça à biodiversidade a realização de um festival de luzes dentro do Jardim Botânico de São Paulo. O que é amplamente divulgado como um convite para que o cidadão “mergulhe em um mundo fantástico de selvas antigas, reinos subaquáticos e culturas lendárias em uma trilha iluminada exclusiva”, na verdade é um pesadelo para a fauna e a flora de um dos principais remanescentes de Mata Atlântica na Capital, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, anteriormente chamado de Parque do Estado.
Criado no século XIX, o parque conta com 476 hectares e abriga nascentes de rios e corpos d’água, muitas espécies de fauna silvestre, inclusive algumas ameaçadas de extinção. Desde a primeira metade do século passado, o parque foi abrigo de importantes instituições de pesquisa, essenciais para a geração do conhecimento e para a conservação da biodiversidade de São Paulo, Instituto de Botânica e Fundação Parque Zoológico, extintas por uma desastrosa ação de governo, por meio da Lei 17.293/2020.
Como pano de fundo deste desrespeito ambiental está uma política de entrega do patrimônio ambiental público à iniciativa privada que concede áreas de pesquisa e conservação ambiental, transformando locais de contemplação natural em shoppings a céu aberto. Ao explorar o lucro a qualquer preço, estas empresas ignoram a função ambiental dos parques e colocam em risco toda a biodiversidade.
O festival de luzes se torna ainda mais grave ao notarmos, no site do evento, que a atual gestão do Jardim Botânico, que deveria zelar pela conservação, a despeito de todo risco, apoia a iniciativa. É urgente a atuação dos mecanismos de fiscalização do Estado para que os danos não se tornem irreversíveis.
Mais informações: apqc.org.br
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