Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

Linhas de pesquisa foram paralisadas por falta de pesquisador no Centro de Engenharia e Automação, do IAC 

Guillherme Cortez, deputado estadual do PSOL, durante audiência em Jundiaí

Quadro de servidores foi reduzido em 73% em fazenda experimental de Jundiaí que agora corre o risco de ser vendida pelo estado 

Campinas, 20 de maio de 2025 – A falta de concurso paralisou linhas de pesquisa do Centro Avançado de Pesquisa em Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), localizado em Jundiaí, no interior de São Paulo. A informação foi denunciada, ontem (19), pelo diretor do Centro, Hamilton Humberto Ramos, durante uma audiência pública realizada na Câmara municipal de Jundiaí, convocada após o governo do estado anunciar a venda de uma fazenda experimental do IAC no município. 

Segundo ele, na década de 1990 o centro de engenharia contava com 23 pesquisadores e 80 servidores da carreira de apoio à pesquisa. Hoje, são apenas oito pesquisadores e 20 servidores de apoio, uma redução de 73% no quadro de funcionários. 

“Tivemos várias pesquisas que tiveram que ser paradas por falta de pesquisador, como ensaio de máquinas, como energia alternativa na agricultura, não entra gente, o governo não faz concurso para repor essas pessoas que são importantes para a pesquisa”, afirmou Hamilton Humberto Ramos, diretor do Centro, durante a audiência. 

Um levantamento feito pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), revela mais de 4,5 mil cargos vagos nos institutos ligados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). No ano passado, o estado abriu concurso para a área, mas ofertou apenas 37 vagas pesquisador, enquanto há 746 cargos vagos. 

Considerando os institutos de Saúde e Meio Ambiente, a quantidade de cargos vagos passa de oito mil nos 16 Institutos Públicos de Pesquisa. Mesmo com redução no quadro, o diretor do Centro Avançado de Engenharia diz que a categoria segue determinada em produzir conhecimento.  

“Os pesquisadores do centro de engenharia captam R$ 4,3 milhões por ano, investidos em pesquisa. Deste total, R$ 3,7 milhões são captados pelos próprios pesquisadores, sendo que apenas R$ 0,6 vem do governo”, completa Hamilton. 

A propriedade do IAC que pode ser vendida fica na rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, na área rural de Jundiaí. A lista de fazendas experimentais que o estado pretende vender inclui 35 propriedades.  

No mês passado, após uma ação proposta pela ApqC, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinou que o estado apresente estudos de impacto sobre cada uma das fazendas experimentais que serão colocadas à venda. 

“A alegação do governador é de que o estado vai se desfazer de áreas que estejam ociosas, que não estejam ativas na pesquisa, para fazer caixa. E por que, e para que o estado precisa fazer caixa se teve um superavit no ano anterior”, afirma Helena. “O que a gente percebe é que o enfraquecimento da estrutura de pesquisa deve servir a algum interesse. Isso mostra um descaso com a ciência, um retrocesso no estado que produz tecnologia, que gera conhecimento”, diz a presidente da APqC. 

Na audiência, o vereador Henrique do Cardume (PSOL) anunciou que irá propor uma moção ao legislativo local contra a venda da área do IAC em Jundiaí. 

“Essa é uma moção de repúdio à iniciativa do governo do estado de São Paulo de privatizar as fazendas do Instituto Agronômico de Campinas”, afirmou o vereador. 

Representantes da sociedade civil, o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL-SP) e de agricultores familiares da região participaram do evento. 

“Sou produtora rural em Campo Limpo Paulista, aos pés da Serra dos Cristais, e protesto veementemente contra a extinção do IAC aqui em Jundiaí. Campo Limpo Paulista não tem nem Casa da Agricultura e a gente tem que se dirigir a Jarinu, e o IAC é para nós o elo do conhecimento, a pesquisa pra gente poder disponibilizar para o consumidor final”, afirmou Maria Izilda Lenk, produtora rural e integrante da Associação Caminho Verde.  

Link audiência pública: 

Sobre a APqC 

Fundada em 1977, a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) representa servidores de 16 Institutos Públicos de Pesquisa do Estado, nas áreas de Meio Ambiente, Agricultura e Saúde. Além de incentivar o desenvolvimento da ciência, como instrumento de transformação socioambiental do Estado de São Paulo, a entidade tem como missão estabelecida em seu estatuto a defesa dos institutos e da carreira de pesquisador científico, criada em 1975, além do patrimônio público ligado à pesquisa, incluindo prédios históricos e fazendas experimentais. A entidade defende a recriação dos Institutos Florestal, de Botânica, Geológico e da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), extintos em 2020*.  

Os pesquisadores representados pela APqC atuam nos institutos:  

Meio Ambiente: Instituto Florestal*, Instituto de Botânica*, Instituto Geológico* (Integram a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, infraestrutura e logística). 

Agricultura: APTA Regional, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto Biológico, Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca, Instituto de Tecnologia de Alimentos, Instituto de Zootecnia (Integram a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento).  

Saúde: Instituto Adolfo Lutz, Instituto Butantan, Instituto Dante Pazzaneze de Cardiologia, Instituto Lauro de Souza Lima, Instituto Pasteur, Instituto da Saúde, SUCEN*, Laboratório de Investigação Médica-LIM HC-USP (Integram a Secretaria de Estado da Saúde). 

Mais informações   

apqc.org.br    

Marcelo Nadalon      

marcelo.nadalon@agenciafr.com.br      

11.96632-6689

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