
O pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas ), o engenheiro agrônomo Sérgio Parreiras Pereira dedicou-se a estudar o cafeeiro há décadas.
Para ele, que testemunhou a evolução do consumo da bebida ao longo dos anos, “o futuro do café está em explorar e valorizar a riqueza de diferentes terroirs, enquanto se adapta às demandas de um mundo mais sustentável e consciente”.
Ele afirma que o consumo da bebida será “uma celebração de sabores diversos e até exóticos” e terá “uma forte ênfase nas práticas ESG (ambientais, sociais e de governança)”.
Esta é a seção “Um Café e Dois Dedos de Prosa”, na qual alguma personalidade –seja especialista, executivo do setor ou mera apreciadora– responde cinco perguntas sobre a bebida.
Confira abaixo a entrevista com Pereira.
Um café e dois dedos de prosa com… Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador do IAC
1. Se você tivesse que escolher um café para tomar pelo resto da vida, como seria?
Café, para mim, é sinônimo de diversidade: genética, cultural, terroir, processamento, torra e métodos de preparo. Mas, se você tivesse que escolher apenas um para o resto da vida, ficaria com um Mundo Novo do Sul de Minas, processo natural, torra média, preparado em um Hario V60.
2. O que não pode faltar na sua pausa para o café?
Quinze minutos e uma boa prosa! Café é mais do que uma bebida, é um ritual. É tempo para mim, para apreciar cada gole e, se possível, compartilhar a xícara com uma boa conversa.
3. Qual sua cafeteria preferida no mundo?
A cafeteria que mais frequenta, até por morar em Campinas, é a 1727 Coffee Roasters, em Barão Geraldo. Com uma microtorrefação no local, sempre há ótimos cafés, sempre afrescos e bem trabalhados. Mas o que a torna especial, além do ambiente, são as boas conversas com amigos, que fazem desse espaço um ponto de encontro para quem aprecia um bom café. Por tudo isso, é minha favorita.
4. O café do futuro será…
O café do futuro será uma celebração de sabores diversos e até exóticos, histórias únicas por trás de cada grão, e uma forte ênfase nas práticas ESG (ambientais, sociais e de governança). O futuro do café passa por explorar e valorizar a riqueza de diferentes terroirs, ao mesmo tempo que se adapta às exigências de um mundo mais sustentável e consciente.
5. Se você pudesse escolher qualquer pessoa, com quem gostaria de tomar um café e ter dois dedos de prosa?
Se pudesse escolher, gostaria de tomar um café com Elomar Figueira de Mello. Compositor, cantor e arquiteto baiano, Elomar é conhecido por sua música que mistura a tradição sertaneja com elementos eruditos e medievais. Suas canções, que trazem histórias de vaqueiros e cavaleiros nordestinos, têm uma linguagem poética única. Recluso e avesso à mídia, é cultivado como um mestre da música brasileira. Com 87 anos, vive em Vitória da Conquista, na Bahia, e é conhecido como o Bode Velho.
Publicado originalmente na Folha de S. Paulo