Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

Cana-de-açúcar ganha protagonismo nos 138 anos do Instituto Agronômico

No ano em que completa 138 anos de existência, o Instituto Agronômico (IAC), celebra com resultados expressivos, reafirmando sua liderança no desenvolvimento de tecnologias agrícolas. Um dos grandes destaques desta celebração é o avanço do Programa Cana IAC, que chega à sua 23ª liberação oficial de variedades, com o anúncio de duas novas cultivares de cana-de-açúcar que estarão disponíveis ao setor produtivo em novembro de 2025.

As novas variedades, IAC07-2361 e IAC09-6166, trazem atributos altamente valorizados pelo setor sucroenergético. A IAC07-2361, desenvolvida na região de Ribeirão Preto -SP, possui alto TCH (toneladas de cana por hectare) e maturação média, ideal para colheitas entre julho e outubro. Já a IAC09-6166 apresenta porte ereto, ATR médio-alto e perfil de maturação precoce, com colheita de maio a outubro — além de bom fechamento de entrelinhas, característica que favorece o manejo agronômico e a produtividade.

Com essas novas liberações, o IAC amplia o portfólio do programa, que já conta com 35 cultivares registradas e 720 ensaios em andamento em 11 estados brasileiros, consolidando sua importância como referência nacional no melhoramento genético da cana-de-açúcar.

Inovação em série: 20 novas cultivares lançadas em apenas um ano

Nos últimos 12 meses, o Instituto lançou 20 novas cultivares de diferentes espécies, entre elas feijão, milho, citros, batata, batata-doce, painço e, claro, cana. Esse volume expressivo de lançamentos reflete a constância e eficiência do trabalho científico realizado ao longo de décadas, com forte investimento em infraestrutura e recursos humanos.

Segundo o diretor-geral do IAC, Marcos Landell, o Instituto atua de forma estratégica e alinhada às demandas reais do campo. “Nossa excelência científica é reconhecida por parceiros que confiam no IAC como gerador de soluções para os grandes desafios da agricultura brasileira e global”, afirma.

Feijão carioca ainda mais resistente: chega o IAC 2560 Nelore

Entre as inovações, merece destaque a 60ª cultivar de feijão carioca desenvolvida pelo Instituto: a IAC 2560 Nelore. Essa nova variedade apresenta alta produtividade, resistência à antracnose — doença que pode comprometer até 100% da lavoura — e grão claro com escurecimento lento, permitindo armazenamento prolongado por até 12 meses sem perda comercial. A cultivar também é aprovada pela indústria alimentícia por gerar caldo espesso e saboroso, muito bem aceito pelos consumidores.

Citros com suco de qualidade e adaptabilidade climática

No segmento de citros, o IAC apresentou as cultivares copa Kawatta e Majorca, laranjas de alta qualidade físico-química, precoces e produtivas. As variedades foram testadas em diferentes climas paulistas e têm potencial para expansão de novas fronteiras citrícolas, graças à sua adaptabilidade. Resultado de uma parceria com a Embrapa e a Fundação Coopercitrus Credicitrus, essas cultivares se destacam pela alta qualidade de suco, coloração intensa e colheita de maio a agosto.

Batata-doce biofortificada com 65 vezes mais carotenoides

A nova batata-doce IAC Dom Pedro II traz como diferencial a biofortificação com carotenoides, podendo ser convertidos em vitamina A, importante para a saúde humana. Com 68 toneladas por hectare, precocidade e bom cozimento, a cultivar alia valor nutricional elevado com viabilidade agronômica superior, sendo 49% mais produtiva do que a variedade mais comum no estado de São Paulo. É uma opção promissora, inclusive para alimentação escolar.

138 anos de ciência a serviço do agro

Fundado em 1887 por Dom Pedro II, o IAC é hoje um dos maiores centros de pesquisa agrícola da América Latina. Com mais de 1.189 cultivares desenvolvidas, o Instituto impacta diretamente cadeias produtivas como café, amendoim, feijão, mandioca, milho, citros e cana, sendo responsável por 80% do amendoim plantado no Brasil e 25% do feijão cultivado no país.

Além do melhoramento genético, o IAC desenvolve projetos estratégicos como:

  • QUEPIA: programa de qualidade de EPIs agrícolas, reduzindo de 60% para menos de 20% a taxa de reprovação de vestimentas.
  • Programa de Adjuvantes: referência nacional na certificação e recomendação de adjuvantes para pulverização.
  • Quarentenário IAC: fundamental no combate a pragas exóticas.
  • Plataforma Bluein/IAC: conecta ciência, startups e empresas do agro com base aberta e colaborativa.

Olhar no futuro com genética de precisão

Entre as inovações tecnológicas, o IAC investe em marcadores moleculares para resistência a doenças, permitindo selecionar genótipos promissores antes mesmo do plantio. Esses avanços aceleram o desenvolvimento de cultivares mais resistentes e sustentáveis, com impacto direto na segurança alimentar e na produtividade agrícola.

Com 138 anos de história e mais de 600 mestres e doutores formados em sua pós-graduação, o Instituto Agronômico segue com a missão de cultivar soluções para o campo, impulsionando o desenvolvimento agrícola sustentável do Brasil.

Com informações do Canal Online

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