Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

Butantan premia pesquisadores que desenvolveram tecnologias inovadoras

Cientistas do Butantan premiados por suas invenções / Foto: Renato Rodrigues

Nesta quinta (22), o Instituto Butantan promoveu a primeira edição do Summit Butantan de Propriedade Intelectual, que reuniu autoridades para discutir sobre inovação na pesquisa científica e a importância das patentes. Na ocasião, pesquisadores e pesquisadoras do Butantan foram premiados pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras ao longo da história centenária da instituição.

Estiveram presentes a coordenadora de Relações Institucionais do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Camila Chaves Santos, o procurador do estado de São Paulo Rafael Fassio e o inventor do medicamento Vonau Flash, Humberto Gomes Ferraz, pesquisador e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).

Em sua fala de abertura, o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, celebrou os pesquisadores presentes e reforçou o apoio da organização. “Contem sempre com a gente para fazer esses sonhos se tornarem coisas concretas. O caminho não é fácil, mas temos o defeito de não aceitar ‘não’ como resposta”, disse Esper.

O diretor executivo da Fundação Butantan, Saulo Simoni Nacif, ressaltou a importância do reconhecimento dos cientistas. “Tantos anos de história do Butantan, afinal já são quase 125, e pela primeira vez temos a oportunidade de reconhecer e fazer um inventário de todas as patentes que foram depositadas e concedidas aos nossos pesquisadores. Estou muito contente com essa iniciativa”, afirmou.

O principal objetivo do Summit, segundo o diretor de Inovação do Butantan, Cristiano Pereira, é “retribuir toda a pesquisa feita, que gerou tecnologias importantes para o Butantan.”

Em suas participações durante o evento, Cristiano procurou enfatizar que, embora estejam relacionados, os conceitos de propriedade intelectual e patente são diversos – enquanto o primeiro trata do conjunto de direitos legais concedidos sobre criações intelectuais, o segundo é um tipo específico de propriedade intelectual, voltado à proteção de invenções técnicas.

No Brasil, o direito exclusivo de exploração comercial de uma invenção é de 20 anos. Este foi um dos tópicos abordados por Camila Chaves Santos, do INPI, em sua palestra “Propriedade Industrial e Bioprodutos para Saúde”. “Todos os produtos biológicos em saúde são passíveis de proteção por patentes. A gente percebe que a invenção nacional foca muito no processo e pouco no produto, e ambos são passíveis de proteção”, afirmou a coordenadora.

Para Camila, o instrumento é uma boa estratégia quando se pensa no desenvolvimento de uma instituição. No entanto, ela aponta que é necessário que as instituições de pesquisa melhorem sua observação e uso do sistema de propriedade intelectual. “A grande maioria dos depositantes nacionais ainda é de pessoa física”, lembrou.

Humberto Gomes Ferraz, um dos criadores do antiemético Vonau Flash em parceria com a farmacêutica Biolab, salientou em sua palestra a importância das parcerias para as universidades, que classificou como “indispensáveis”. “Patente é um negócio bom pra todo mundo, ninguém perde. Ela incentiva a entrada de dinheiro na pesquisa, há troca de conhecimentos, e a empregabilidade dos alunos aumenta muito”, resumiu. 

A inovação patenteada por Humberto em 2018 é a apresentação do medicamento criado na década de 1980, que passa do formato oral para o orodispersível. Em 2018, a patente do Vonau Flash respondia por 58% de toda a receita da USP com royalties de invenções – e, segundo o professor, houve momentos em que essa porcentagem chegou a 90%.

O Summit Butantan de Propriedade Intelectual também lembrou a importância de Vital Brazil Isaias Raw para a história do Instituto Butantan e para a ciência brasileira como um todo. O primeiro bisneto de Vital, Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant’Anna, recebeu uma homenagem em nome da família. “O Butantan é uma casa para mim”, resumiu.

O diretor de Inovação do Butantan, Cristiano Pereira, falou à plateia sobre o EILT (Escritório de Inovação e Licenciamento de Tecnologia), que ele dirige. Entre os dados apontados em sua palestra, estão o de que o Butantan tem 105 tecnologias que se destrincharam em 436 patentes, e que 25% das tecnologias do Butantan foram depositadas nos últimos cinco anos.

“A gente trouxe uma equipe com perfil acadêmico, se aproximou mais dos pesquisadores e gerou bastante tecnologia, inclusive durante a pandemia”, apontou. “Entre os itens que podem ser patenteados no Butantan estão a composição de vacinas, componentes, adjuvantes, reagentes e bancos de células. Identificar projetos desenvolvidos aqui é importante porque, entre outras coisas, valoriza e protege o conhecimento gerado internamente.”

Para marcar o desejo da organização de reconhecer os cientistas engajados na cultura das patentes, o Butantan também premiou aqueles que mais patentes depositaram em toda a história (1º lugar para Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, com 14 patentes); que mais patentes depositaram nos últimos cinco anos (Ana Maria Moro, Eliane Namie Miyaji, Luciana Cezar de Cerqueira Leite e Viviane Maimoni Gonçalves); com mais patentes concedidas (1º lugar para Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, com oito patentes); e tecnologias patenteadas de destaque (Irina Kerkis e Neuza Maria Frazatti Gallina).

Na segunda etapa do Summit, após palestra do procurador do estado de São Paulo Rafael Fassio, foi apresentada a nova Política de Inovação do Instituto e da Fundação Butantan. “Esse documento vem sendo construído há quatro anos, e todo o NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica) esteve envolvido nessa construção”, disse Cristiano Pereira.

“Assumi o NIT no final de 2020 e começamos a desenvolver esse documento com suporte do setor jurídico. Passamos por aprovações e conversas, até que, em 2023, fizemos o engajamento com a nova direção, e o documento foi aprovado em conselho. Hoje é um dia muito importante, porque tornamos isso público.”

Entre os objetivos da Política de Inovação estão estimular, consolidar e promover o desenvolvimento tecnológico e de inovação no âmbito do Instituto Butantan e da Fundação Butantan de maneira orientada, harmônica, e em sinergia com a sua missão institucional, favorecendo a criação, o empreendedorismo e a proximidade com o setor produtivo.

Com informações de Marcella Franco, da Comunicação Butantan

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