Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

As consequências da desvalorização da carreira científica em SP

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) está em alerta – e em luta – diante das mudanças propostas pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a carreira dos pesquisadores científicos paulistas. O projeto, que deve ser votado após o recesso da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), prevê alterações nos critérios de remuneração e progressão funcional que, segundo a entidade, podem desestimular a pesquisa e acelerar a fuga de cérebros para o exterior ou para o setor privado.

Atualmente, cerca de 900 pesquisadores atuam em 16 institutos públicos de pesquisa no Estado de São Paulo, responsáveis por estudos estratégicos em saúde, agricultura e meio ambiente. A proposta em discussão acaba com o Regime de Tempo Integral (RTI), substituindo-o por uma “dedicação exclusiva” ainda não regulamentada. A APqC argumenta que essa mudança inviabiliza pesquisas que exigem horários flexíveis, como experimentos com animais ou cultivos agrícolas. Além disso, o tempo para atingir o topo da carreira passaria de 16 para 24 anos, com salários iniciais e teto considerados baixos para profissionais com doutorado e anos de experiência.

A situação se agrava com a falta de concursos públicos: embora não haja registros oficiais de pesquisas interrompidas, há relatos de estudos paralisados por falta de pesquisadores. Estima-se que, atualmente, apenas 2.200 pesquisadores estejam na ativa, contra 7.900 cargos vagos.

Além disso, a desvalorização salarial também preocupa: enquanto bolsas de pós-doutorado da Fapesp pagam até R$ 12 mil líquidos, o salário inicial de um pesquisador científico do estado é de apenas R$ 5.300, tornando a carreira pouco atrativa para jovens talentos. A tendência, conforme especialistas, é que, sem condições adequadas de trabalho e remuneração competitiva, o Brasil continue perdendo cientistas para outros países ou para empresas privada.

“Precisamos de um plano de carreira que valorize a dedicação dos pesquisadores e garanta a continuidade dos estudos que beneficiam toda a sociedade”, afirma a APqC. A entidade reforça que a ciência é fundamental para a inovação, a saúde pública e a soberania nacional, citando exemplos como a produção de vacinas e o avanço do agronegócio paulista. O chamado é claro: sem investimentos e respeito à carreira científica, o país seguirá dependente de tecnologias estrangeiras e perderá talentos essenciais para o seu desenvolvimento.

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