Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

APqC denuncia desmonte da carreira de pesquisador em audiência na Alesp

Pesquisadores científicos paulistas lotaram, nesta terça-feira (7), o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo para participar da audiência pública sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC) 9/2025 — proposta do Governo do Estado que ameaça desfigurar por completo a carreira de pesquisador científico em São Paulo.

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) marcou presença e se destacou na defesa firme da pesquisa pública e da valorização da categoria. Representando a entidade, a presidente Helena Dutra Lutgens reafirmou o compromisso da APqC com a preservação de um sistema que, há décadas, garante a independência e a qualidade do trabalho científico nos institutos estaduais.

O PLC 9/2025, apresentado sob o discurso de “modernização”, altera profundamente a estrutura da carreira, extinguindo o Regime de Tempo Integral (RTI) e a Comissão Permanente do RTI (CPRTI) — pilares que sustentam a autonomia e a continuidade das pesquisas de interesse público. Na prática, o projeto abre espaço para a precarização das condições de trabalho, ameaça a dedicação exclusiva dos pesquisadores e enfraquece o caráter de Estado da pesquisa científica paulista.

Durante o debate, pesquisadores e representantes de entidades alertaram que o PLC representa um retrocesso histórico, colocando em risco décadas de avanços científicos e tecnológicos alcançados pelos institutos públicos. O modelo atual, defendido pela APqC, assegura que o pesquisador possa se dedicar integralmente ao desenvolvimento de estudos de longo prazo, como a descrição de novas espécies, o aprimoramento de cultivares, o desenvolvimento de vacinas e a criação de tecnologias fundamentais para o país.

“Só a pesquisa pública permite que um pesquisador leve muito tempo para descrever uma espécie, para criar unidades de conservação, desenvolver vacinas e tecnologias. A proposta mexe em pontos muito importantes que alteram a coluna dessa carreira”, afirmou Helena.

A audiência, embora tenha evidenciado a mobilização e a indignação dos pesquisadores, terminou sem avanços concretos. A bancada governista manteve-se irredutível, ignorando os alertas da comunidade científica e da sociedade civil organizada.

Mesmo diante da pressão dos servidores e das manifestações que vêm ocorrendo em todo o estado, o governo sinalizou que pretende levar o PLC 9/2025 à votação já na próxima terça-feira (14).

“É revoltante ver o descaso de tantos parlamentares com o trabalho sério e essencial dos pesquisadores públicos”, afirmou a presidente da APqC. “Mas não vamos recuar. A categoria precisa seguir mobilizada e unida em defesa da nossa carreira e da pesquisa pública em São Paulo.”

Foto: Alesp

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