Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

Após pressão, Tarcísio descarta venda de fazenda Santa Elisa

Reprodução / EPTV

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta terça-feira (29) que não venderá a Fazenda Santa Elisa, localizada em Campinas, onde funciona o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e um dos mais importantes bancos de espécies de café do país. A declaração foi feita durante visita à Agrishow, feira de tecnologia agrícola realizada em Ribeirão Preto.

Venda de fazenda cogitada e mobilização contrária

A fala ocorre após a secretaria de Agricultura do Estado ter confirmado, no fim do ano passado, a realização de “estudos para avaliar a viabilidade de venda” de parte da área da fazenda. A possibilidade provocou reação imediata de diversos setores, unindo cientistas, representantes do agronegócio e entidades da sociedade civil.

“Hoje a gente tem várias formas de pesquisa, porque a pesquisa está consumindo cada vez menos área, a pesquisa está cada vez mais tecnológica, a gente está usando cada vez mais a parceria também com o privado. O nosso interesse é preservar a pesquisa, vamos preservar a pesquisa”,afirmou o governador.

Outras vendas podem acontecer

Apesar disso, Tarcísio não descartou a venda de outras propriedades, afirmando que “achar que o Estado vai fazer a gestão de um patrimônio imobiliário gigantesco” é algo que “não faz sentido”. Ainda de acordo com o governador, a venda de imóveis considerados hoje ociosos pode gerar uma receita superior a R$ 1 milhão. “A gente não pode ficar agarrado em patrimônio”, disse.

Fazenda Santa Elisa

Com 138 anos de história, a Fazenda Santa Elisa é uma das principais áreas de pesquisa do IAC. A propriedade, com cerca de 690 hectares, é utilizada para estudos e desenvolvimento de tecnologias agrícolas voltadas a diversas culturas, como café, feijão, amendoim, mandioca e batata.

O espaço está dividido em três zonas: agrícola, urbana e de preservação ambiental. A porção agrícola, que representa aproximadamente 55% da fazenda, é dedicada à experimentação científica e à produção de sementes geneticamente aprimoradas, beneficiada por solos férteis e propícios à pesquisa.

Desde sua fundação em 1892, a Fazenda Santa Elisa tem desempenhado um papel estratégico no avanço da agricultura nacional. Entre suas contribuições mais relevantes está o banco genético de café, considerado um dos mais importantes do Brasil. Esse acervo reúne uma ampla diversidade de materiais genéticos que formam a base da cafeicultura nacional e sustentam o desenvolvimento de novas variedades da cultura.

Decisão da Justiça suspendeu audiência

A Justiça já havia suspendido, no início de abril, uma audiência pública marcada para o dia 14, que discutiria a possível alienação de 35 áreas sob avaliação para privatização pelo governo estadual — entre elas, a Fazenda Santa Elisa. A decisão atendeu a um pedido da APqC (Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo).

Na decisão, a juíza Gilsa Elena Rios argumentou que o patrimônio em questão é inalienável e intransferível sem a devida autorização da Assembleia Legislativa.

Pedido de tombamento da Fazenda

Como forma de barrar a venda, também foi protocolado um pedido de tombamento da fazenda junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e ao IFP (Instituto Fazendas Paulistas).

Apresentado ainda no ano passado, o pedido busca preservar as características históricas da fazenda e proteger a área da especulação imobiliária.

Fonte e foto: Cidade ON

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