Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

APqC consegue adiar venda de fazendas de pesquisa, mas governo de SP insiste na privatização

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) conseguiu adiar, por meio de ação judicial, a venda de fazendas pertencentes a institutos de pesquisa. A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu qualquer negociação até que o governo apresente estudos detalhados sobre o impacto econômico, a quantidade de áreas a serem vendidas e um plano para a continuidade das pesquisas. Apesar da medida, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento mantém a intenção de prosseguir com o leilão das terras, alegando que apenas áreas “ociosas” seriam incluídas.

A APqC, no entanto, rebate o argumento do governo. Em notas e manifestações anteriores, a associação já alertou que a venda ameaça a soberania científica do Estado de São Paulo e do País, uma vez que muitas dessas propriedades abrigam pesquisas estratégicas para o agronegócio brasileiro. Um exemplo é a Fazenda Santa Elisa, vinculada ao Instituto Agronômico (IAC), que possui o maior banco de germoplasma de café do Brasil e é essencial para o desenvolvimento de novas variedades.

O governo estadual estima que a venda de 1,3 mil hectares – distribuídos em 35 áreas de institutos como o Biológico, o de Pesca, o de Zootecnia (IZ) e a APTA Regional – possa gerar mais de R$ 1 bilhão. A Secretaria de Agricultura afirma que apenas 6% do total de terras seriam comercializadas e parte do valor seria reinvestido em pesquisa. No entanto, pesquisadores temem que a privatização abra precedente para o desmonte de estruturas fundamentais, já que o governo não divulgou critérios transparentes para definir o que seria “ocioso” ou “oneroso”.

A insistência na venda ocorre mesmo após a Procuradoria Geral do Estado (PGE) não ter recorrido da decisão judicial, que já está em vigor desde maio. Para a APqC, a falta de diálogo com a comunidade científica e a ausência de garantias concretas demonstram que o objetivo principal é o lucro imediato, em detrimento da ciência pública. As fazendas em questão estão localizadas em cidades como Campinas, Ribeirão Preto, Piracicaba e Ubatuba, entre outras, e são bases de estudos que impactam diretamente a produção agrícola nacional.

Enquanto o governo alega que apenas áreas sem pesquisa seriam vendidas, entidades do setor agropecuário e pesquisadores questionam: sem um inventário público detalhado, como garantir que centros de inovação não serão afetados? A APqC reforça que a medida é um risco desnecessário e que o patrimônio científico deve ser preservado.

Foto: Fazenda Santa Elisa (Divulgação IAC)

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