Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

Instituto de Pesca orienta manejo de espécies durante o inverno

Foto: Daniela Castellani

Com as recentes frentes frias e massas de ar polar atingindo o estado de São Paulo e os termômetros já marcando mínimas abaixo de 0°C em algumas regiões, o inverno se confirma como um período crítico para a produção aquícola paulista. É recorrente durante o inverno piscicultores procurarem o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, buscando orientações de como cuidar das espécies que cultivam a fim de proteger a saúde e o bem-estar dos animais.

Os pesquisadores especialistas em aquicultura do Instituto dizem que, nesta época, é preciso redobrar os cuidados com os cultivos, tanto de peixes tropicais quanto de espécies típicas de clima frio.

Peixes sentem os efeitos do frio

Tilápias, pintados e pacus são alguns dos principais peixes cultivados no estado de São Paulo. Têm origem em ambientes tropicais e são altamente sensíveis à queda de temperatura. Durante o inverno, a água dos viveiros esfria rapidamente, o que desacelera o metabolismo desses animais, reduz seu apetite e os torna mais vulneráveis a doenças.

Segundo especialistas do Instituto de Pesca, os criadores devem ficar atentos a sinais de estresse nos peixes e ajustar o manejo às novas condições ambientais, conforme as orientações a seguir.

  • Reduzir a frequência de arraçoamento conforme a resposta dos peixes à alimentação.
  • Monitorar diariamente a qualidade da água (oxigênio dissolvido, pH, amônia e temperatura).
  • Evitar manuseios desnecessários, que aumentam o estresse.
  • Reforçar a biosseguridade dos sistemas produtivos, especialmente em viveiros escavados e tanques-rede.

De acordo com Daniela Castellani, diretora do Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, unidade do IP em São José do Rio Preto, “os produtores precisam tomar uma série de medidas, de preferência ainda no período do verão, para evitar o estresse dos peixes, o comprometimento da saúde e, consequentemente, o aparecimento de enfermidades como a Franciselose, causada pela bactéria Francisella noatunensis, que pode causar grandes prejuízos na tilapicultura, especialmente nas fases mais jovens”.

Trutas: clima ideal, mas manejo exige atenção

Ao contrário das tilápias, pintados e pacus, a truta arco-íris — criada em regiões serranas como Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí — só sobrevive em locais de águas frias e oxigenadas. A maturação das gônadas e o desenvolvimento dos embriões requerem temperaturas baixas na ordem de 10oC, o que ocorre em algumas regiões do Brasil durante o inverno.

Essa é a época que o laboratório de reprodução do Núcleo Regional de Pesquisa em Salmonicultura Dr. Ascânio de Faria, do IP, localizado em Campos do Jordão, opera intensamente na produção de ovos embrionados para atender à demanda dos criadores, desde o estado do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo.

Nos peixes tropicais os embriões se desenvolvem e os ovos eclodem no período de um dia, enquanto que para as trutas demora um mês. A fim de prover água fria para os ovos de trutas se desenvolverem de forma saudável, a instituição utiliza um sistema de resfriamento e recirculação da água de incubação.

Diferente das demais espécies cultivadas no Brasil, os criadores recebem os ovos embrionados antes de sua eclosão. Desta forma, o transporte até os criadores pode ser realizado sem estarem imersos em água, apenas com a umidade necessária para o seu bem-estar. Uma parcela de ovos é mantida na instituição até o estágio de alevinos, para repasse aos criadores de porte artesanal. 

“O inverno traz a festejada temporada de turismo a Campos do Jordão e a outras localidades de montanha, acompanhada pela renovação das gerações das linhagens de trutas no Brasil”, destaca a diretora do Núcleo, Neuza Takahashi.

Fonte: Agência SP

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