Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo

Atua na defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa Científica do Estado de São Paulo

Conheça o Herbário do IAC, guardião do patrimônio botânico brasileiro

O Herbário do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) completou recentemente 89 anos, mas ainda é pouco conhecido pela sociedade em geral. Muitos sabem o que significa um herbário, mas este local especificamente não é apenas um arquivo de plantas e, sim, um guardião do patrimônio botânico brasileiro, comprometido com a conservação e a disseminação do conhecimento científico para as futuras gerações. Ele desempenha um papel crucial na pesquisa e na educação, fornecendo recursos essenciais para estudos em agronomia, biologia, engenharia florestal e botânica.

Apesar de sua importância, o Herbário recebeu e recebe menos atenção e investimento do que deveria. Em 2018, por exemplo, o Ministério Público investigou possível improbidade administrativa no sucateamento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o que afetaria diretamente o setor. Com um número cada vez mais reduzido de funcionários, o Herbário se desdobra para manter ativa a sua funcionalidade. E tem conseguido, graças ao esforço dos pesquisadores.

Pesquisadora do IAC e diretora do Centro de Recursos Genéticos Vegetais, Juliana Rolim Salomé Teramoto explica que a criação do Herbário foi um marco não apenas na história científica, mas também na preservação da biodiversidade botânica. “Ele se tornou uma fortaleza botânica e da conservação vegetal no Brasil”, afirma. Atualmente, o Herbário do IAC abriga o Laboratório Banco de Sementes, Herbário e Taxonomia (Lbsht), possuindo cerca de 770 metros, no Centro Experimental da Fazenda Santa Elisa, em Campinas.

Murilo do Canto Batista Alves (foto), curador do Herbário, informa que o seu acervo não se limita apenas à quantidade, mas também à diversidade e importância histórica. “Com cerca de 60 mil espécimes, de mais de 12 mil, incluindo exemplares do século XIX, como a amostra de Coffea arabica de 1840 e 104 Typus, que são exsicatas a partir das quais foram descritas as espécies, o herbário é um tesouro de conhecimento botânico. Destacando-se pelos registros de espécies econômicas, nativas, invasoras e tóxicas, não menos impressionante é sua coleção de mais de 5 mil introduções de 34 países diferentes”, diz.

A diretora Juliana Rolim informa que em está em curso um projeto de digitalização do acervo. Ela explica que todo o material botânico será digitalizado e disponibilizado no site do IAC para consulta online gratuita.

O Herbário IAC também aderiu ao sistema Jabot ligado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que gerencia coleções científicas depositadas em herbários e redes laboratoriais de instituições de pesquisas e de coleções vivas. Esse sistema disponibiliza para a curadoria de herbários diversas funções de acompanhamento e também possibilita aos usuários do sistema o acesso de dados e imagens, com funcionalidades para a análise e melhoria da qualidade destes dados.

Histórico

Em julho de 1935, foi criado pela Seção de Botânica Econômica do Centro de Recursos Genéticos Vegetais do IAC, o Herbário Fanerogâmico e Criptogâmico do Instituto Agronômico (IAC). O Herbário IAC continua possibilitando que muitas espécies de interesse econômico sejam introduzidas no país, oriundas das pesquisas do IAC na área de avaliação de adaptabilidade e viabilidade de cultivo para as características do Brasil.

A coleção possui importância histórica e científica, com exemplares do século XIX. Das quase 60 mil introduções no Herbário, 10% das amostras são provenientes de 34 diferentes países, destacando-se Estados Unidos (2256 amostras), Argentina (1643), El Salvador, Uruguai, Japão, Colômbia e Peru. O acervo inclui, também, muitas amostras de plantas invasoras e plantas tóxicas, de várias famílias botânicas, nocivas ao bom desenvolvimento da agricultura e/ou pecuária. Ainda, possui um expressivo acervo de amostras de plantas nativas, que podem ser cultivadas para a recuperação e restauração ambiental ou como ornamentais e arborização, que são indicadoras da sustentabilidade agrícola, bem como da qualidade ambiental e da paisagem, de modo geral, e fundamentais aos ciclos biológicos, tais como a ciclagem de nutrientes e sequestro de carbono.

APqC, com informações da Página Rural (Foto: SAA)

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