O Brasil possui uma biodiversidade extraordinária e dentre essas variabilidades destacam-se as plantas aromáticas e medicinais. Esse mercado emergente é atendido pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), que realiza em 06 de junho, quinta-feira, o 11º Curso Prático de Extração de Óleos Essenciais, em Campinas. O curso é dividido em duas etapas teórica e, na sequência, a parte prática, ambas realizadas na Fazenda Santa Elisa do IAC.

O curso prático de óleos essenciais tem o objetivo de atender os produtores e interessados em cultivar plantas aromáticas como alecrim, lavandas, gerânio, manjericão, melaleuca, dentre outras espécies, para extração de óleos essenciais. O Brasil possui espécies nativas como erva-baleeira, alecrim pimenta, pimenta rosa, dentre outras. Essas plantas são fontes preciosas de óleos essenciais de excelente qualidade.

A pesquisadora do IAC e coordenadora do curso, Eliane Gomes Fabri, ligada a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, explica que os óleos essenciais são obtidos a partir das plantas, podendo ser a planta inteira ou partes específicas como raízes, folhas, flores ou mesmo frutos e sementes, isso varia em função de cada espécie de planta, principalmente através do método de destilação por arraste a vapor, temos também a extração por prensagem do pericarpo de frutos, no caso dos cítricos. Existem outros métodos de extração de óleos essenciais, como hidrodestilação, maceração, extração por solventes, enfluragem, gases supercríticos e micro-ondas, esses métodos são mais complexos e menos utilizados por agroindústrias ou pequenos produtores. “O Brasil se destaca na produção de óleos essenciais, juntamente com a Índia, China e Indonésia, que são os principais produtores globais. Os óleos cítricos lideram o mercado de exportação do país”, diz.

O curso atende à crescente demanda dos agricultores e potenciais novos empreendedores, em busca de diversificação de seu negócio. Para isso, buscam conhecimentos e técnicas de cultivo especializados, com destilação e extração por arraste de vapor, visando assegurar a alta qualidade dos óleos essenciais. Além disso, a certificação orgânica está se tornando cada vez mais prevalente, o que pode conferir valor adicional aos produtos. “O cultivo de óleos essenciais em São Paulo possui grande potencial, impulsionado pela rica variedade de plantas e pela crescente demanda do mercado. Porém, é fundamental ter conhecimento técnico, investimento em boas práticas agrícolas para obter a qualidade do produto final e assim alcançar o sucesso nessa área”, afirma.

Fabri irá abordar em sua apresentação os aspectos botânicos das plantas aromáticas e o que um produtor precisa saber para cultivar uma lavoura de espécie aromática. A palestra também discorre sobre os quimiotipos, das partes das plantas, onde se produz óleos essenciais nas diferentes espécies aromáticas, da implantação da cultura, manejo e o ponto de colheita ideal para cada espécie.

O mercado e cadeia produtiva de óleos essenciais será o tema da palestra da pesquisadora do IAC, Lilian Cristina Anefalos. Ela explica que no Estado de São Paulo as variedades de plantas medicinais e aromáticas contam com espécies adaptadas a diferentes regiões e condições climáticas, garantindo a produção de óleos essenciais de alta qualidade para atender à demanda de diversos setores. “As espécies de lavanda, capim-limão, erva baleeira, eucalipto, citronela e citros lideram o cultivo de plantas aromáticas e medicinais no estado, impulsionados pela alta demanda do mercado”, afirma.

A cientista explica que a viabilidade econômica da atividade varia de acordo com o tipo de planta, as tecnologias utilizadas e a qualidade do óleo produzido. Óleos extraídos de flores, como rosa e jasmim, figuram entre os mais caros do mercado, mas exigem alta produtividade e grandes áreas de cultivo. O Brasil enfrenta forte concorrência internacional nesse segmento, com países como França, Índia, China e Estados Unidos dominando o mercado.

Para se destacar nesse cenário competitivo é fundamental dominar a técnica de extração de óleo essencial, principalmente por arraste a vapor, para garantir a qualidade do produto final. Além disso, a produção de óleos essenciais deve ser realizada de forma sustentável, com práticas que preservem o meio ambiente e garantem a qualidade do solo e da água.

Os aspectos de sanidade serão abordados pela pesquisadora do IAC, Margarida Fumiko Ito, que irá palestrar sobre doenças e manejo integrado em plantas aromáticas. “No Curso, serão apresentados os sintomas das principais doenças em algumas culturas e a epidemiologia de seus patógenos, da parte aérea e de fungos habitantes do solo, além de fungos em sementes, com suas imagens, para o reconhecimento”, explica.

O desenvolvimento de uma cultura saudável exige um olhar atento e proativo, desde o pré-plantio até a colheita. Para alcançar esse objetivo é fundamental adotar um manejo integrado de doenças, priorizando o controle preventivo. “É importante conduzir uma cultura seguindo-se o manejo integrado de doenças, para proporcionar a sustentabilidade do Agroecossistema e maior rentabilidade ao produtor”, acrescenta a pesquisadora.

Para Ito as plantas aromáticas e medicinais são um grupo diverso e fascinante, que oferecem uma variedade de benefícios para a saúde, culinária e bem-estar. Elas são geralmente mais resistentes a pragas e doenças do que as culturas alimentares. No entanto, elas podem ser afetadas por diversos problemas.

As principais doenças em plantas aromáticas e medicinais são causadas por fungos da parte aérea e fungos habitantes do solo. Os patógenos causadores dessas doenças podem ser transmitidos, ou transportados pelas sementes e mudas contaminadas. A importância de cada doença depende das condições ambientes, variando segundo o ano, a época, o local, a cultivar e o manejo realizado.

As doenças conforme as severidades na ocorrência podem reduzir a produtividade de uma cultura, assim como a qualidade do produto, impactando em prejuízos ao produtor, pelos maiores gastos ao seu controle e a perda na rentabilidade.

Para prevenção e controle das doenças são destacados os seguintes métodos: análise e correção do solo, preparo adequado do solo, escolha de cultivares com resistência genética a fitopatógenos, uso de sementes e mudas sadias, tratamento de sementes, espaçamento das plantas, incorporação dos restos culturais, rotação de culturas e adubos verdes, manejo da água de irrigação, controle biológico, manejo integrado de doenças.

O curso contará também com a palestra de Marcelo Rolim, engenheiro agrônomo e diretor de pesquisa do Grupo Santa Clara. Ele irá palestrar sobre bioinsumos para agricultura.

Os bioinsumos são produtos de origem vegetal, animal ou microbiana destinados ao uso na produção, no armazenamento e no beneficiamento de produtos agropecuários. São alternativas mais sustentáveis aos agrotóxicos e fertilizantes químicos, pois não causam danos ao meio ambiente e à saúde humana.

O uso de bioinsumos na agricultura oferece diversas vantagens, como a redução do impacto ambiental, a melhoria da saúde do solo, o aumento da produtividade das lavouras e a melhoria da qualidade dos alimentos.

Serviço:

Evento: 11º Curso Prático de Extração de Óleos Essenciais

Local: Instituto Agronômico, Fazenda Santa Elisa (IAC) Avenida Theodureto de Almeida Camargo, 1500

Data: 06/06/2024 (quinta-feira)

Horário: 8h às 17h

Mais Informações: www.cursooleosessenciais.com.br

Com informações do IAC

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