O Instituto Agronômico (IAC), centenária instituição de pesquisa com sede em Campinas (SP), incluiu Sarandi (PR) entre os municípios para disseminar a técnica broto batata-semente para atender a produção sustentável do tubérculo. A iniciativa, com apoio da Prefeitura de Sarandi, por meio do Departamento de Agricultura e Pecuária da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, busca introduzir a cultivo da batata no município a partir de técnica inovadora desenvolvida pelo pesquisador e engenheiro agrônomo José Alberto Caram.

A técnica, já consolidada em propriedades paulistas, avança para diversas regiões do país e a introdução em Sarandi, como em Mandaguari, Maringá e Castelo Branco, busca incentivar a opção pela cultura a partir de semente-básica do tubérculo livre de vírus. No plantio, são usados brotos destacados da própria semente, origem do nome da técnica, que reduz os riscos de introdução de pragas no solo. “Os brotos têm maior fidelidade genética e menor custo de obtenção. Quanto à sanidade, sendo os brotos destacados de tubérculos livres de vírus, estes estarão igualmente sadios”, explica o pesquisador.

O plantio, em regime de teste, foi realizado na propriedade do agricultor Gelmo Volpato, que se dedica ao plantio de alimentos orgânicos. O desenvolvimento das plantas será acompanhado por técnicos que observarão a evolução e o comportamento da cultura, de forma a entender sua adaptação ao solo e clima da região. A exemplo dos demais municípios envolvidos no projeto, Sarandi não planta batata, mas pode introduzir o tubérculo como opção do cultivo sustentável. “Projeto importante no contexto do agronegócio local, especialmente pelo perfil orgânico da cultura”, afirma Sara Godo, diretora de Agricultura e Pecuária.

A iniciativa conta com apoio do programa de pós-graduação e mestrado em agroecologia da UEM, do Núcleo de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, das associações e cooperativas familiares de produção orgânica, do Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Produção Orgânica, do Núcleo Peroba Rosa de Agroecologia e do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR). Participaram do plantio-teste o pesquisador José Alberto Caram, Gelmo Volpato, do Recanto das Águas Alimentos Orgânicos, Flávio Degásperi, do IDR, Célia Ambiel e Francislaine Oliveira, da UEM, e Sara Godoi, da Prefeitura de Sarandi.

Ensinando as crianças para garantir o futuro

Além de implantar e monitorar a aplicação de sua técnica em propriedades rurais espalhadas pelo país, o pesquisador José Alberto Caram também visita escolas públicas e privadas em todo o Estado de São Paulo, onde ensina crianças e adolescentes a cultivar batatas utilizando a tecnologia desenvolvida por ele. Em sua mais recente visita, como parte do projeto “Plantando Batata com Ciência”, Caram falou aos estudantes da Escola Estadual Prof. Vitório Zamorion, em Campinas (SP).

Nas palavras do pesquisador, o objetivo do projeto é “transferir conhecimento, da sala de aula para a prática, fazendo com que mais e mais pessoas saibam que é possível plantar babatas a custo zero, com uma técnica muito simples”. Segundo ele, as crianças e os adolescentes são o público-alvo do projeto para “assegurar o futuro da técnica na bataticultura do Brasil”.

Na aula prática ministrada na Escola Prof. Vitório Zamorion, o pesquisador ensinou aos jovens que o broto de tubérculos de batatinha também são “sementes” e não devem ser descartados. “Esses brotos, quando livres de vírus e se plantados corretamente, são responsáveis por gerar novas batatas. Essa descoberta é revolucionária, pois mostra que o agronegócio brasileiro não depende tanto da importação de sementes”.

Bruno Ribeiro, com informações da Prefeitura de Sarandi

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